sexta-feira, 21 de setembro de 2012


Mercado de trabalho: indústria precisará de 7,2 milhões de técnicos até 2015, indica estudo do Senai

O Brasil terá de formar 7,2 milhões de trabalhadores em nível técnico e em áreas de média qualificação para atuarem em profissões industriais até 2015. Essa necessidade produzirá oportunidades em 177 ocupações, que vão desde trabalhadores da indústria de alimentos (cozinheiros industriais) e padeiros até supervisores de produção de indústrias químicas e petroquímicas.

Mapa do Trabalho Industrial 2012 mostra que demanda por profissionais mais capacitados aumentou.
Do total da necessidade, 1,1 milhão será por trabalhadores para novas vagas (Fotos José Paulo Lacerda)

No Paraná, por exemplo, a demanda até 2015 é por 477,5 mil profissionais capacitados, o que corresponde a 6,7% de todo o país. As ocupações com maior demanda no estado para profissionais de nível técnico (cursos com até dois anos de duração), são para controle da produção; em eletrônica; em eletricidade e eletrotécnica; mecânicos na fabricação e montagem de máquinas, sistemas e instrumentos; em operação e monitoração de computadores.

Os dados fazem parte do Mapa do Trabalho Industrial 2012, elaborado pelo e apresentado nesta quinta-feira (20/9/2012), em São Paulo, durante o lançamento da 7ª Olimpíada do Conhecimento. A competição é disputada por cerca de 600 alunos dos centros de Educação profissional e tecnológica do Senai de todo o país como forma de avaliar a qualidade de cursos de qualificação em mais de 50 ocupações.

O Mapa do Trabalho Industrial foi elaborado para subsidiar o planejamento da oferta de formação profissional do Senai. A pesquisa inédita também pode apoiar os jovens na escolha da profissão e, com isso, aumentar suas chances de ingresso no mercado de trabalho.

No Brasil, do total da demanda, 1,1 milhão será por trabalhadores para ingressarem em novas oportunidades no mercado. O restante já está trabalhando e precisa manter-se qualificado para acompanhar os avanços tecnológicos da indústria.

“Apenas 6,6% dos brasileiros entre 15 e 19 anos estão em cursos de Educação profissional. Na Alemanha, esse índice é de 53%. Nossos jovens precisam ver a formação profissional como uma excelente oportunidade para o mercado de trabalho”, afirma o diretor-geral do Senai Nacional, Rafael Lucchesi.

Entre as ocupações que necessitam de cursos profissionalizantes com mais de 200 horas, a maior demanda está no setor de alimentos, que precisará de 174,6 mil trabalhadores (cozinheiros industriais) entre 2012 e 2015 em todo o Brasil. No mesmo período, o país precisará de 88,6 mil operadores de máquinas para costura de peças do vestuário e 81,7 mil preparadores e operadores de máquinas pesadas para a construção civil.

Já entre as ocupações técnicas de nível técnico, o técnico de controle da produção lidera o ranking com demanda de 88.766 profissionais. Atrás, vem a de técnicos em eletrônica com 39.919 e a de técnicos de eletricidade e eletrotécnica, com 27.972.

A análise da demanda mostra ainda que os profissionais das ocupações operacionais precisam ser polivalentes, com capacidade para desempenhar várias funções. Vem aumentando também a importância de características como visão sistêmica do fluxo produtivo e capacidade de gerenciamento.

Apesar de não figurarem no topo da lista da demanda, algumas profissões têm ganhado espaço no mercado de trabalho industrial. Entre elas estão agentes de meio ambiente, pela utilização de tecnologias mais limpas e preocupação com a conservação dos recursos naturais, e os trabalhadores do campo da logística, desde os operadores até os técnicos.

A maior necessidade por profissionais capacitados nesses dois grupos se concentra nas regiões Sul (1,50 milhão de profissionais ou 20,9% do total) e Sudeste (4,13 milhão, 57,6% do total) especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

A pesquisa também identifica as principais demandas por profissionais qualificados em todos os estados. No grupo de ocupações que requerem mais de 200 horas de qualificação, a de cozinheiro industrial lidera em 25 unidades da federação. Já entre as profissões de nível técnico, a necessidade maior será por técnicos de controle da produção, técnicos em eletrônica e técnicos em eletricidade e eletrotécnica.

A demanda por profissionais de nível técnico para os próximos trêsanos é 24% maior que a registrada
para o período 2008-2011, quando a necessidade de profissionais ficou em 5,8 milhões

Para Lucchesi, conhecer essa necessidade por estado, por setor, por tipo de ocupação é crucial para o planejamento da formação profissional. “Um país que ainda investe pouco em educação, como o Brasil, deve lançar um olhar à frente para dimensionar e direcionar a aplicação dos recursos sejam públicos ou privados”, avalia.

A boa notícia é que o Brasil tem capacidade para preparar os trabalhadores e, assim, transformar essa demanda em oportunidade de emprego para pessoas devidamente qualificadas. O Senai oferece, a cada ano, 2,5 milhões de vagas. A maioria delas é para cursos de aprendizagem, aperfeiçoamento profissional, qualificação profissional e cursos técnicos de nível médio.

Do ponto de vista dos trabalhadores, a qualificação profissional possibilita melhores chances de colocação no mercado e salários. Pesquisa realizada pelo Senai em 2011 mostrou que 80% dos formados nos cursos técnicos da organização em 2010 estavam trabalhando em 2011 e recebiam, em média, 2,47 salários mínimos, o equivalente, na época, a R$ 1.346,15 ao mês.

Os técnicos também foram muito bem avaliados por seus supervisores nas empresas. Em uma escala de zero a dez, receberam 8,4 no quesito competências básicas e 8,3 em competências específicas e de gestão.

Metodologia do Mapa do Trabalho Industrial
O Senai, a partir de cenários que estimam o comportamento/crescimento da economia brasileira e dos seus setores, projeta o impacto sobre o mercado de trabalho e estima a demanda por formação profissional industrial (novos empregos e formação continuada).

O método utilizado é o Insumo-Produto de Liontief, que considera o fluxo de bens e serviços entre os vários setores da economia e seu efeito multiplicador sobre o volume de emprego. A metodologia foi desenvolvida com a colaboração das melhores universidades do país, como a Universidade São Paulo (USP), a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As projeções e estimativas são desagregadas no campo geográfico, setorial e ocupacional, e servem como parâmetro para o planejamento da oferta de cursos do Senai.

Olimpíada do Conhecimento
Os cursos de aprendizagem e técnicos do Senai são avaliados, a cada dois anos pares, na maior competição de Educação profissional e tecnológica das Américas. A sétima edição das disputas ocorrerá de 12 e 18 de novembro, em São Paulo, com a participação de 638 estudantes de até 21 anos.

Eles disputarão o título de melhores do país em 54 ocupações e a oportunidade de conquistar vagas para o torneio mundial do próximo ano, o WorldSkills, competição internacional que reunirá, em julho de 2013, em Leipzig, na Alemanha, jovens de mais de 50 países. O Brasil obteve na edição de 2011, em Londres, o segundo lugar entre 51 países, atrás apenas da Coréia do Sul.

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