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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Pedagogia da Autonomia: especialista lança série de vídeos sobre as práticas de Paulo Freire

O professor André Azevedo da Fonseca explica a sua iniciativa: Paulo Freire “é desses autores importantes que são endeusados por uns, xingados por outros, mas raramente lidos e estudados com rigor no Brasil. Daí os preconceitos que o acusam de dizer o contrário do que ele de fato escreve nesta obra. É espantoso notar que, ao contrário do que muitos imaginam, seus princípios voltados à autonomia dos estudantes não está presente nas escolas brasileiras, que ainda são muito autoritárias. As práticas freireanas de relacionar os conteúdos de sala de aula com a vida, a noção de estimular os estudantes a interferirem nas aulas com os seus conhecimentos e a abertura do professor para a diversidade de interpretações - práticas que fazem parte dos princípios de Freire - ainda estão longe do que vemos nas salas de aula no Brasil. Vale a pena conhecer para se livrar dos equívocos que muitos espalham sobre ele.”


Saiba mais, veja os vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=GC31igCvYzo


quarta-feira, 3 de junho de 2015

Claudio Naranjo: “A Educação atual só produz zumbis”

O psiquiatra chileno diz que investir numa didática afetiva é a saída para estimular o autoconhecimento dos alunos e formar seres autônomos e saudáveis

A DIDÁTICA DO AFETO
O psiquiatra Claudio Naranjo.
A Educação é a única forma de
mudar o mundo (Foto Divulgação)
Por Flavia Yuri Oshima/Revista Época

O psiquiatra chileno Claudio Naranjo tem um currículo invejável. Formou-se em medicina na Universidade do Chile, especializou-se em psiquiatria em Harvard e virou pesquisador e professor da Universidade de Berkeley, ambas nos EUA. Desenvolveu teorias importantes sobre tipos de personalidade e comportamentos sociais. 

Trabalhou ao lado de renomados pesquisadores, como os americanos David McClelland e Frank Barron. Publicou 19 títulos. Sua trajetória pode ser classificada como irrepreensível pelo mais ortodoxo dos avaliadores. Ele é, inclusive, um dos indicados ao Nobel da Paz deste ano. É comum, no entanto, que Naranjo seja chamado, em tom pejorativo, de esotérico e bicho grilo. Há mais de três décadas, ele e a fundação que leva seu nome pregam que os educadores devem ser mais amorosos, afetivos e acolhedores. Ele defende que essa é a forma mais eficaz de ajudar todos os alunos – não só os melhores – a efetivamente aprender “e assim mudar o mundo”, como ele diz. Claudio Naranjo esteve no Brasil para participar do evento sobre educação básica Encontro de Educadores.

ÉPOCA – O senhor é psiquiatra e desenvolveu teorias importantes em estudos de personalidade. Hoje trabalha exclusivamente com Educação. Por que resolveu se dedicar a esse tema?
Claudio Naranjo – Meu interesse se voltou para a Educação porque me interesso pelo estado do mundo. Se queremos mudar o mundo, temos de investir em Educação. Não mudaremos a economia, porque ela representa o poder que quer manter tudo como está. Não mudaremos o mundo militar. Também não mudaremos o mundo por meio da diplomacia, como querem as Nações Unidas – sem êxito. Para ter um mundo melhor, temos de mudar a consciência humana. Por isso me interesso pela Educação. É mais fácil mudar a consciência dos mais jovens.

ÉPOCA – Quais os problemas do modelo educacional atual na opinião do senhor?
Naranjo – Temos um sistema que instrui e usa de forma fraudulenta a palavra Educação para designar o que é apenas a transmissão de informações. É um programa que rouba a infância e a juventude das pessoas, ocupando-as com um conteúdo pesado, transmitido de maneira catedrática e inadequada. O aluno passa horas ouvindo, inerte, como funciona o intestino de um animal, como é a flora num local distante e os nomes dos afluentes de um grande rio. É uma aberração ocupar todo o tempo da criança com informações tão distantes dela, enquanto há tanto conteúdo dentro dela que pode ser usado para que ela se desenvolva. Como esse monte de informações pode ser mais importante que o autoconhecimento de cada um? O nome Educação é usado para designar algo que se aproxima de uma lavagem cerebral. É um sistema que quer um rebanho para robotizar. A criança é preparada, por anos, para funcionar num sistema alienante, e não para desenvolver suas potencialidades intelectuais, amorosas, naturais e espontâneas.

ÉPOCA – Como é possível mudar esse modelo?
Naranjo – Podemos conceber uma Educação para a consciência, para o desenvolvimento da mente. Na fundação, criamos um método para a formação de educadores baseado em mais de 40 anos de pesquisas. O objetivo é preparar os professores para que eles se aproximem dos alunos de forma mais afetiva e amorosa, para que sejam capazes de conduzir as crianças ao desenvolvimento do autoconhecimento, respeitando suas características pessoais. Comprovamos por meio de pesquisas que esse é o caminho para formar pessoas mais benévolas, solidárias e compassivas. Hoje a Educação é despótica e repressiva. É como se Educar fosse dizer faça isso e faça aquilo. O treinamento que criamos está entre os programas reconhecidos pelo Fórum Mundial da Educação, do qual faço parte. Já estive com ministros da Educação de dezenas de países para divulgar a importância dessa abordagem.

ÉPOCA – E qual foi a recepção?
Naranjo – A palavra amor não tem muita aceitação no mundo da Educação. Na poesia, talvez. Na religião, talvez. Mas não na Educação. O tema inteligência emocional é um pouco mais disseminado. É usado para que os jovens tomem consciência de suas emoções. É bom que exista para começar, mas não tem um impacto transformador. A inteligência emocional é aceita porque tem o nome inteligência no meio. Tudo o que é intelectual interessa. Não se dá importância ao emocional. Esse aspecto é tratado com preconceito. É um absurdo, porque, quando implementamos  uma didática afetuosa, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo. Os ministros da Educação me recebem muito bem. Eles concordam com meu ponto de vista, mas na prática não fazem nada. Pode ser que isso ocorra por causa da própria inércia do sistema. O ministro é como um visitante que passa pelos ministérios e consegue apenas resolver o que é urgente. Ele mesmo não estabelece prioridades. Estou mais esperançoso com o novo ministro da Educação de vocês (Renato Janine Ribeiro). Ele me convidou para jantar, para falarmos sobre minhas ideias. É a primeira vez que a iniciativa parte do lado do governo. Ele é um filósofo, pode fazer alguma diferença.

>> "Quando há amor na forma de ensinar, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo"

ÉPOCA – Para quem decidiu ser professor, não seria natural sentir amor, compaixão e vontade de cuidar do aluno?
Naranjo – Uma vez dei uma aula a um grupo de estudantes de pedagogia na Universidade de Brasília. Fiquei muito decepcionado com a falta de interesse. Vendo minha expressão, o coordenador me disse: “Compreenda que eles não escolheram ser Educadores. Alguns prefeririam ser motorista de táxi, mas decidiram educar porque ganham um pouco mais e têm um pouco mais de segurança. Estão aqui porque não tiveram condições de se preparar para ser advogados ou engenheiros ou outra profissão que almejassem”. Isso acontece muito em locais em que a Educação não é realmente valorizada. Quem chega à escola de Educação são os que têm menos talento e menos competência. Não se pode esperar que tenham a vocação pedagógica, de transmitir valores, cuidar e acolher.

ÉPOCA – O senhor diz que o sistema de Educação atual desperdiça talentos, rotulando-os com transtornos e distúrbios. Pode explicar melhor esse ponto?
Naranjo – Humberto Maturana, cientista chileno, me contou que a membrana celular não deixa entrar aquilo que ela não precisa. A célula tem um modelo em seus genes e sabe o que necessita para construir-se. Um eletrólito que não lhe servirá não será absorvido. Podemos usar essa metáfora para a Educação. As perturbações da Educação são uma resposta sã a uma Educação insana. As crianças são tachadas como doentes com distúrbios de atenção e de aprendizado, mas em muitos casos trata-se de uma negação sã da mente da criança de não querer aprender o irrelevante. Nossos estudantes não querem que lhe metam coisas na cabeça. O papel do educador é levá-lo a descobrir, refletir, debater e constatar. Para isso, é essencial estimular o autoconhecimento, respeitando as características de cada um. Tudo é mais efetivo quando a criança entende o que faz mais sentido para ela.

ÉPOCA – Por que a Educação caminhou para esse modelo?
Naranjo – Isso surgiu no começo da era industrial, como parte da necessidade de formar uma força de trabalho obediente. Foi uma traição ao ideal do pai do capitalismo, Adam Smith, que escreveu A riqueza das nações. Ele era professor de filosofia moral e se interessava muito pelo ser humano. Previu que o sistema criaria uma classe de pessoas dedicadas todos os dias a fazer só um movimento de trabalho, a classe de trabalhadores. Previu que essa repetição produziria a deterioração de suas mentes e advertiu que seria vital dar a eles uma Educação que lhes permitisse se desenvolver, como uma forma de evitar a maquinização completa dessas pessoas. Sua mensagem foi ignorada. Desde então, a Educação funciona como um grande sistema de seleção empresarial. É usada para que o estudante passe em exames, consiga boas notas, títulos e bons empregos. É uma distorção do papel essencial que a Educação deveria ter.

>> O professor é o fator que mais influencia na Educação das crianças

ÉPOCA – Há algo que os pais possam fazer?
Naranjo – Muitos pais só querem que seus filhos sigam bem na escola e ganhem dinheiro. Acho que os pais podem começar a refletir sobre o fato de que a Educação não pode se ocupar só do intelecto, mas deve formar pessoas mais solidárias, sensíveis ao outro, com o lado materno da natureza menos eclipsado pelo aspecto paterno violento e exigente. A Unesco define Educar como ensinar a criança a ser. As Constituições dos países, em geral, asseguram a liberdade de expressão aos adultos, mas não falam das crianças. São elas que mais necessitam dessa liberdade para se desenvolver como pessoas sãs, capazes de saber o que sentem e de se expressar. Se os pais se derem conta disso, teremos uma grande ajuda. Eles têm muito poder de mudança.


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Educação profissional: a caixa-preta
do Sistema S

Prazo para entidades ampliarem investimento em vagas públicas vence em 2014

Por Cinthia Rodrigues, para a Carta na Escola

Foto Divulgação

O Sistema S precisa investir mais em matrículas gratuitas para cursos de longa duração. Essa foi uma exigência do governo federal feita em 2008, a ser cumprida até 2014. A redação do acordo e a criação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec) em 2011, porém, dificultam a verificação do seu comprimento. O fato é que o Sistema S recebe diretamente em seus cofres valores descontados do trabalhador, mas é pouco transparente na forma como esse dinheiro público é usado.

A entidade da qual Sesi, Senai, Senac e Sesc são exemplares usa a seu critério a Contribuição Compulsória descontada da folha de pagamento equivalente a 1% do salário. Segundo a lei de 1942, tal montante deveria ser investido na saúde e na formação do trabalhador. O MEC constatou, no entanto, que a maioria dos cursos  tinha mensalidades cobradas – a preços iguais aos de instituições privadas. Eram gratuitos cursos rápidos, como para reúso doméstico de cascas de frutas ou para embalagem de presentes.

O então ministro da  Educação Fernando Haddad, atual prefeito de São Paulo, apontou a falta de retorno para a sociedade. O embate acabou em um decreto que previu aumento gradativo da alocação do recurso para vagas públicas em cursos com, no mínimo, 170 horas de duração. Até 2014, dois terços do total da contribuição precisam ter a gratuidade como destino.

O Tribunal de Contas da União (TCU) passou a acompanhar o investimento e, em 2013, foi decretado que os sistemas precisariam publicar na internet relatórios trimestrais. “Foi meia vitória”, afirma Gaudêncio Frigotto, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em sua opinião, o  financiamento deveria partir do empresariado: “O Sistema S é composto de instituições que servem ao sistema privado, portanto, o objetivo é ganhar dinheiro. Investe-se em mão de obra para as empresas irem melhor ou para cobrar pelo curso.”

Gabriel Grabowski, da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, critica a liberdade de uso do dinheiro público do Sistema S e afirma que o Pronatec complicou a situação: “Agora, eles têm duas portas de entrada de dinheiro público”. O programa de compra de vagas em cursos técnicos alimentou o crescimento das instituições e ficou mais difícil exigir que dois terços das vagas tenham gratuidade por conta da Contribuição Compulsória. Ao mesmo tempo, por conta de a redação do decreto tratar de  “aumento da alocação de recursos para vagas gratuitas” e não diretamente crescimento das vagas, as entidades têm apresentado balanços em que medem a receita líquida investida, sem que isso represente o mesmo porcentual de atendimento gratuito.

No Senai, por exemplo, a meta de 2013 era de 62%, e a entidade declara que chegou a 67%,  mas apenas um quarto do total de matrículas dos cursos de longa duração é decorrente do benefício. “Não era sobre o número de matrículas, mas da utilização da receita líquida da contribuição para o Senai no financiamento desses cursos gratuitos”, diz Gustavo Leal, diretor de operações do Senai.  Para Grabowski, o retorno é desproporcional: “O contribuinte paga de um lado, o governo do outro e as escolas permanecem sendo majoritariamente privadas”.



segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Bolsas no exterior: conheça o site da parceria Fundação Lemann e Ciência sem Fronteiras

O site da parceria entre o Ciência sem Fronteiras e a Fundação Lemann oferece programas nos quais se pode candidatar para bolsas, depoimentos de bolsistas e possibilidade de cooperação acadêmica entre universidade brasileiras e americanas, além de dicas de como se inscrever para cada modalidade do Ciência sem Fronteiras.


Em 2012, essa parceria foi firmada por meio de acordo de cooperação entre o governo brasileiro e a Fundação Lemann, que se comprometeu a apoiar a implementação do programa Ciência Sem Fronteiras em seis universidades de excelência nos Estados Unidos, com as quais já tinha parcerias consolidadas: Harvard, Stanford, Columbia, Yale, Illinois (Urbana-Champaign) e UCLA.

O principal objetivo é contribuir para potencializar o investimento do governo federal, garantindo um número cada vez maior de bolsistas do Ciência sem Fronteiras nestas instituições de excelência e facilitando a formação de parcerias acadêmicas duradouras entre instituições brasileiras e essas universidades.

Para isso, facilita o estabelecimento de pontes acadêmicas entre professores das universidades americanas parceiras e professores de instituições brasileiras e a divulgar oportunidades e contatos nessas universidades a estudantes e professores brasileiros. O site é uma ferramenta que ajuda nesse processo.

A Fundação Lemann também está oferecendo bolsas complementares aos estudantes de pós-graduação aprovados pelo Ciência sem Fronteiras nessas universidades e promove encontros dos bolsistas de pós-graduação no Brasil e nos Estados Unidos para formação de rede entre eles.



quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Formação de professores: Impa abre inscrição para aperfeiçoamento gratuito de profissionais de matemática do ensino médio

Até 30 de novembro, estão abertas as inscrições para o Programa de Aperfeiçoamento para Professores de Matemática do Ensino Médio (Papmem), do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa). O objetivo do curso é aprimorar o ensino de matemática nas escolas.
 
O treinamento é semestral e ocorre sempre nas férias escolares, com aulas presenciais no Rio de Janeiro e via internet em todos os estados. Segundo a coordenadora administrativa do programa, Maria Celano Maia, os cursos – que começaram a ser ministrados em 1990 – vão oferecer 5 mil vagas para o próximo módulo.
 
Maria diz que a deficiência no ensino de matemática é tão grave no país que afeta os cursos universitários, já que, segundo ela, a maioria dos professores que participam do curso no Impa não sabe a matéria que vai ensinar. “O que esse curso faz é rever os conteúdos do ensino médio. A gente propõe problemas para os professores reverem e treinarem esses assuntos. A gente vê que eles têm bastante deficiência nesses assuntos”.
 
De acordo com ela, a procura pelo curso vem mais de professores do interior dos estados. O curso é gratuito e o Impa oferece ajuda de custo para transporte e alimentação, além do material didático. As aulas também podem ser acompanhadas pela internet e os cursos anteriores estão disponíveis na página de downloads do instituto. Podem participar professores de matemática do ensino médio e formandos do curso de licenciatura em matemática.
 
De acordo com a publicação Anuário Brasileiro da Educação Básica 2013, do movimento Todos pela Educação, a principal deficiência no ensino brasileiro é justamente a matemática no ensino médio.
 
Segundo os dados da Prova ABC de 2011, último disponível, que avalia os conhecimentos das crianças de 8 anos, 42,8% dos estudantes atingiram o conhecimento esperado em matemática, variando de 28,3% na Região Norte a 55,7% na Região Sul. Na comparação entre as redes de ensino, 32,6% dos estudantes de escolas públicas demostraram o conhecimento esperado, enquanto entre os de escolas particulares a proporção ficou em 74,3%.
 
Na Prova Brasil, avaliação aplicada pelo Ministério da Educação, 14,4% dos alunos tinham o conhecimento esperado para o 5º ano do ensino fundamental em 1999, número que passou para 36,3% em 2011, superando a meta de 35,4%. No 9º ano do ensino fundamental, o índice passou de 13,2% para 16,9%, além da meta de 25,4%. No 3º ano do ensino médio, no entanto, o percentual de estudantes com a aprendizagem esperada em matemática caiu de 11,9% em 1999 para 10,3% em 2011, abaixo da meta de 19,6%.
 
Maria destaca que muitos conteúdos ensinados estão distantes da realidade dos estudantes. “Seria bom se mudasse mesmo. A gente também procura ressaltar esse aspecto da praticidade, do uso da matemática nas coisas cotidianas. Hoje em dia, o ensino médio está voltado, praticamente, apenas para o Enem e para o vestibular, não é?”.
 
O curso do Impa será ministrado entre os dias 13 e 17 de janeiro. Foram oferecidas 150 vagas para professores no estado do Rio de Janeiro e entre 40 e 100 vagas para os centros multiplicadores nas universidades de todos os estados, que transmitem as aulas ao vivo, via internet. As inscrições podem ser feitas pela internet, em página do Impa.
 
Fonte Agência Brasil

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Ciência e magistério: MEC lança programa para incentivar estudo de matemática, física, química e biologia

Com a oferta inicial de 30 mil bolsas em 2014, o Ministério da Educação está promovendo o Programa Quero Ser Cientista, Quero Ser Professor para incentivar nas escolas públicas o estudo de disciplinas como matemática, física, química e biologia. O valor repassado aos estudantes de ensino médio será R$ 150. As bolsas serão concedidas a partir de fevereiro de 2014.

(Foto Sesi-RJ)

O programa será voltado principalmente aos estudantes do Programa Ensino Médio Inovador, que são aquelas com jornada de ensino ampliada. A ideia é que as atividades sejam consolidadas nas três horas do contraturno. Alunos matriculados nos anos finais do ensino fundamental que se destaquem também poderão participar. Terão prioridade ainda estudantes premiados em olimpíadas científicas.

Um dos objetivos do programa é reduzir o déficit de cerca de 170 mil docentes na rede pública nessas áreas, de acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. “A matemática, física e química precisam de estímulo específico, e o programa é para tentar construir esse estímulo desde o ensino médio, com o objetivo de despertar o interesse pelas ciências para, no futuro, quem sabe, serem professores dessas disciplinas”, explicou.

A participação dos estudantes será estimulada em atividades de monitoria, pesquisa científica e tecnológica. Os bolsistas terão orientação e supervisão de professores e estudantes universitários que já recebem bolsas de estímulo à pesquisa. A seleção dos bolsistas será feita pelas secretarias estaduais de Educação e por universidades.

Atualmente, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) concede 10 mil bolsas do Programa de Iniciação Científica Júnior. Com as 30 mil do Quero Ser Cientista, Quero Ser Professor, oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, serão 40 mil nessa modalidade ao final de 2014, com investimento em torno de R$ 66 milhões. A expectativa é ampliar gradualmente a concessão até atingir 100 mil bolsas.


Fonte Agência Brasil


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Educação: educadores cobram formação com 'rigor de medicina' para professor

Num país que debate melhorar preparação de médico, especialistas criticam baixa exigência na licenciatura para docentes

As recentes medidas do governo federal para a carreira médica, como os dois anos de residência obrigatória no Sistema Único de Saúde (SUS), reacenderam o debate sobre a formação de professores nas diversas áreas do conhecimento. Especialistas defendem que o mesmo rigor que há nas faculdades de Medicina seja cobrado nas licenciaturas para que os docentes se formem mais bem preparados. De outro lado, estudantes e recém-formados contam que experiências fora da universidade contribuem muito mais para a prática pedagógica.

Treino. Formando em Ciências Biológicas na Uerj, André Mendes dá
aulas no pré-vestibular comunitário InVest, no Colégio Santo Inácio
(Foto Agência O Globo)

No modelo do Stanford Teacher Education Program (Step), considerado um dos melhores cursos de formação de docentes do mundo, o ensino, por exemplo, tem rigor de uma residência. Com duração de até dois anos, o programa institui três momentos de trabalho de campo (clinical work) em escolas públicas. No estágio por semana, o aluno fica em média 16 horas nas escolas e participa de um seminário na Universidade de Stanford. Os futuros docentes são apoiados por professores experientes e supervisores.

— Nossos candidatos a professores vivenciam uma formação acadêmica rígida e fazem estágios com alto nível de exigência em escolas. O rigor do ensino acadêmico e da prática supervisionada é o mesmo encontrado no treinamento de médicos. Nossos alunos aprendem com a prática e na prática. Ensino, pesquisa, teoria e prática estão intimamente relacionados — explica Rachel Lotan, diretora do Step.

Licenciatura à Distância aumenta
Defensora da ideia de uma formação docente similar à médica, a doutora em Educação pela Universidade de Harvard Paula Louzano destaca que 30% dos estudantes de licenciatura no Brasil o fazem à distancia, e esta proporção está aumentando. Ela ressalta que a prática é o aspecto em que mesmo os cursos presenciais mais deixam a desejar.

— Quando presente, a prática se restringe, na maioria das vezes, à observação de aulas, sem muita supervisão e acompanhamento de profissionais mais experientes que ajudem o professor em formação a desenvolver seu julgamento profissional e a aprender na prática — diz Paula.

A especialista, que realizou um estudo comparando como diferentes nações orientam seus professores, faz um paralelo com o modelo finlandês, que tem um curso com sete anos de duração, sendo que um terço das nove mil horas corresponde a uma espécie de residência pedagógica: o futuro professor estagia em uma escola onde um professor tutor se responsabiliza junto com a universidade pela formação.

— Não digo que devemos formar professores em oito anos, mas que o cuidado com sua formação deve ser parecido com a do médico. O professor deve dominar os conhecimentos de sua disciplina de maneira profunda (como um médico especialista o faz); os componentes práticos da profissão, e deve desenvolver sua capacidade de julgamento profissional na prática assistida por professores experientes e modelares. Essa mudança de paradigma foi o que levou a Finlândia a ter a docência como uma profissão valorizada.

Especialista em formação de docentes, a pedagoga da USP e consultora da Unesco Bernardete Gatti diz que não é preciso buscar em exemplos externos o remédio para melhorar a qualificação dos professores. Para ela, se o que prevê a Lei de Diretrizes e Bases fosse cumprido com rigor, a prática pedagógica já teria grandes avanços.

— Não temos condições de instalar uma residência pedagógica. Podemos encontrar soluções que sejam mais ajustadas à nossa realidade. Temos um estágio curricular de 400 horas, e ninguém cumpre. Vamos cumprir e vamos fazer direito, com um planejamento para isso. Por que os cursos continuam sendo credenciados e reconhecidos, se não estão cumprindo, mesmo nas instituições públicas? — questiona Bernardete. — Ninguém faz uma avaliação decente das licenciaturas.

Para Bernardete, esse panorama pode mudar um pouco com iniciativas como Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), do governo federal. Os projetos devem promover a inserção dos estudantes nas escolas públicas desde o início da formação acadêmica para que desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor do colégio. Para ela, isso pode ajudar a melhorar o perfil dos formadores de docentes.

— Houve no Brasil um esquecimento da investigação didática. Estamos num momento em que a preocupação com a formação dos professores está aparecendo. Os formadores estão sendo chamados a rever os conceitos. É preciso mudar a seleção dos professores quando vão ser docentes das licenciaturas. Ninguém verifica se eles conhecem alguma coisa sobre as questões pedagógicas da escola pública. Os editais deveriam incluir isso.

Taiany Braga, de 23 anos, vive isso na pele. Formada em Geografia na UFF há dois anos, hoje ela é professora dos ensinos fundamental e médio no Colégio Estadual Fidélis Medeiros, em Duque de Caxias. Taiany diz que os estágios supervisionados da faculdade não contribuíram para sua formação profissional.

— Não é eficaz. Geralmente, os professores são geógrafos que foram trabalhar na faculdade de Educação. Não são pedagogos. O grande problema é que a maioria é de acadêmicos, e distantes da realidade da escola pública. Quando você se depara com uma sala de aula da rede estadual ou municipal, é totalmente diferente. Tem que aprender a lidar por instinto, na marra, se adaptando aos poucos, ou não, pois tem muita gente que desiste — diz Taiany.

Mas ela não desistiu. Nem Daiana Lima, de 24 anos. Recém-formada em História, também pela UFF, ela optou pela rede particular e dá aulas no Colégio _A_Z, em Botafogo, onde já era monitora da disciplina. Ela conta que a experiência na escola lhe valeu muito mais do que os três estágios “supervisionados”: o primeiro foi só de observação; no segundo, a professora responsável faltou à sua prova-aula; e o terceiro não foi cobrado, devido a uma greve.

— Os estágios contribuíram zero para minha formação. Minhas experiências fora da faculdade, mesmo tendo sido em escolas particulares, foram fundamentais para conhecer o funcionamento da sala de aula — compara Daiana.

Experiência nos pré-vestibulares
Vice-diretor da Faculdade de Educação da UFF, Marcos Barreto reconhece as limitações, mas vê avanços no perfil dos formadores. Ele diz ainda que os cursos pré-vestibulares comunitários são um campo rico de experiência que merece ser estudado. Na UFF, há cerca de 15.

— O principal problema é a desqualificação histórica das licenciaturas face ao bacharelado. Estamos buscando um perfil de formador que conhece o chão da escola e as redes públicas. A ideia não é ter um acadêmico. O responsável por prática de ensino precisa conhecer muito bem as redes e seus limites.

Isso inclui os pré-vestibulares: quando o licenciando passa um ano letivo com a turma, é muito mais eficiente do que um estágio fragmentado.
André Mendes aprendeu isso na prática. Licenciando em Ciências Biológicas na Uerj, ele passou por seis semestres de estágio, três deles no CAp-Uerj e outros três em escolas públicas.

Prestes a se formar, André dá aulas no curso pré-vestibular comunitário InVest, no Colégio Santo Inácio. Ele diz que esta experiência prática lhe preparou mais do que a faculdade.

— Minha prática docente começou no InVest. A experiência foi muito importante para mim, tanto para desenvolver as aulas como para interagir com os alunos.


Fonte O Globo

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Financiamento da Educação: Mercadante volta a pedir voto pela vinculação dos royalties

Em audiência pública nesta quarta (10/4/2013), na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reiterou o apelo aos deputados no sentido de votar pela vinculação integral dos royalties do petróleo à Educação.  

“Independentemente de como vai ser a repartição entre estados produtores e não produtores, todos os recursos dos royalties devem ir para a Educação”. Ainda segundo ele, “é evidente que há outras áreas prioritárias, mas não podemos colocar os recursos dos royalties no custeio da máquina pública.”

De acordo com o ministro, o país deve ter recursos para viabilizar o Plano Nacional de Educação (PNE). “Os royalties são o melhor passaporte para o futuro porque preparam o Brasil para a sociedade do conhecimento”, salientou. “É um imenso desafio, que tem de ser republicano e suprapartidário, como temos feito com os secretários de Educação de todos os estados.”

Alfabetização na idade certa
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa também foi abordado por Mercadante diante da comissão. O pacto é compromisso formal assumido pelos governos federal e do Distrito Federal, estados e municípios para assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do terceiro ano do ensino fundamental, é prioridade para o MEC este ano.

O pacto foi firmado por todas as unidades da Federação e por 5.393 municípios. Serão atendidos mais de 7 milhões de estudantes de 400 mil turmas das três primeiras séries do ensino fundamental, em 108 mil escolas.

Mais de 14 mil, de 16.814 orientadores de estudo, atuarão como formadores locais. Eles foram capacitados em cursos de 38 universidades públicas. O restante será formado ainda este mês.

O orçamento de R$ 3,3 bilhões do programa prevê a distribuição de livros didáticos e bolsas para professores alfabetizadores, orientadores de estudo e coordenadores. O pacto prevê avaliações anuais e premiações para escolas e professores que obtiverem bons resultados.

De volta para a escola
Outro tema abordado pelo ministro Mercadante diante da comissão trata-se do pacto que está em processo com o Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed) para reformular o ensino médio brasileiro. Hoje 86% da oferta de ensino médio cabe às redes estaduais de ensino. A meta da parceria é atrair cerca de 970 mil jovens de 15 a 17 anos de idade que estão fora da escola.

Mercadante falou também da integração curricular nas quatro áreas temáticas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo ele, é uma mudança em estudo.

Entre as ações em análise para reformulação do ensino médio está a oferta de bolsas de estudo e de pesquisa para estimular a vocação de jovens para as carreiras de professor e de cientista. Outra proposta é a ampliação do ensino profissionalizante, que pode ser feito paralelamente ao ensino médio. A meta é abrir 8 milhões de vagas até 2014, junto com o Sistema S.

O MEC tem investido na formação continuada de professores e em bolsas de estudo para capacitação no exterior e em universidades brasileiras. Uma aposta para os próximos anos é a ampliação da Educação digital. Em 2012, foram adquiridos mais de 644 mil tablets e computadores interativos.

Fonte MEC


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