sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Design Brasil 1: Bienal debate diversidade e desenvolvimento econômico

Desde uma pequena colher de chá até uma aeronave de última geração, o design está presente e é o grande responsável por dar identidade e caracterização aos objetos produzidos pelo homem. No Brasil, o design, uma atividade cujos limites de atuação são quase irrestritos, começa a se profissionalizar e assumir suas próprias características.

Com o tema “Diversidade Brasileira”, a IV Bienal Brasileira de Design, que acontece pela primeira vez em Belo Horizonte, coloca em evidência até 31 de outubro, o design produzido em Minas e do país. Além disso, estimulará o debate sobre a geração de ideias e conhecimento, a inserção do design na indústria e a profissionalização da profissão.


Para o reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e coordenador geral local da IV Bienal Brasileira de Design, Dijon Moraes Júnior, o estímulo é muito bem-vindo. Segundo ele, o tema começou a ganhar força e a se profissionalizar no Brasil há cerca de 15 anos e, hoje, o país já é um “fenômeno” no assunto. “Perdemos apenas para a China e os Estados Unidos no número de cursos de design: hoje, são 530 cursos em todo o país. Isso quer dizer que o tema está ganhando cada vez mais importância e que a procura está aumentando”, ele afirma.

Segundo o reitor da UEMG, o design é também um grande aliado do desenvolvimento econômico, por seu potencial de agregar valor a produtos locais. Neste aspecto, ele diz esperar que a IV Bienal Brasileira de Design, que terá mostras em diversos pontos da capital mineira, seja uma oportunidade de conscientizar os empreendedores sobre a importância deste ofício. “O design é uma atividade que possibilita o alto empreendimento e gera amplas possibilidades. Queremos aproximar o designer do produtor industrial”, explica.

Doutor em Pesquisa em Design pela Universidade Politécnico de Milão, autor de vários livros, contemplado três vezes com o prêmio Museu da Casa Brasileira e premiado também no exterior, Dijon Moraes concedeu com exclusividade a seguinte entrevista para a Agência Minas:

Esta é a quarta bienal brasileira de design. Como se deu a escolha de Minas para esta edição?
É a primeira vez que a bienal ocorre em Minas Gerais. A primeira bienal de design, em 2006, aconteceu em São Paulo. A segunda, em 2008, em Brasília, e a terceira, em 2010, em Curitiba. Há dois anos, portanto, o Estado de Minas Gerais se candidatou para realizar a edição de 2012 do evento e venceu. Acredito que isso tenha ocorrido por Minas ser a terceira maior economia do Brasil, uma região estratégica, com espaços adequados e apoio em massa do governo e dos parceiros envolvidos.

O tema deste ano da Bienal é “Diversidade Brasileira”. Por que esta escolha?
Confesso que fiquei muito feliz com este tema. Sempre houve uma grande busca pela identidade do design brasileiro. Depois de muitas reflexões e amadurecimento, chegou-se à conclusão de que a riqueza do design do nosso país não estava em uma única identidade, mas em sua diversidade. A diversidade brasileira é uma marca do nosso design, da nossa identidade em diversos segmentos da indústria e da produção. E isto é um fator positivo, que enaltece a produção de design no país.

Desta diversidade, quais matizes você destaca como sendo particularidades do design brasileiro?
O design brasileiro, ao contrário do que vemos em alguns países mais tradicionais, não tem nenhuma tradição do passado. Ele é um design livre para o futuro, para se inventar. Em algumas culturas, o design é muito rígido em termos de estética, de forma. Mas no Brasil, temos a leveza, a suavidade, que é encontrada em obras como as curvas de Niemeyer por exemplo. Temos uma abundância de cores e volumes e exploramos isso sem culpa. É um design colorido, despojado, que tem alegria, frescor e suavidade, características que você encontra em qualquer lugar do Brasil. Na IV Bienal, é possível identificar esta particularidade em mostras que vão desde automóveis a jóias e acessórios. E cada uma dessas peças tem esta brasilidade, que é a nossa riqueza e nosso diferencial hoje no mercado global.

De onde veio a inspiração para a principal mostra da Bienal, intitulada “Da Mão à Máquina”?
Esta mostra foi concebida pela curadora da Bienal, Maria Helena Estrada. Ela propõe mostrar que a riqueza da diversidade brasileira vai desde o artesanato até a produção industrial, da mais alta tecnologia. E isso diz muito sobre o Brasil, sobre as realidades distintas do nosso país, que o design reflete e aproveita. Desta criatividade que vai do produto mais básico ao mais sofisticado.

Como a iniciativa da Bienal estimula o fazer artístico e a produção do design em Minas e no Brasil?
Esperamos que a Bienal deixe suas marcas em Minas. Queremos que ela se torne um fator de estímulo para a consolidação da inserção do design no parque produtivo mineiro. Porque tanto em Minas quanto no Brasil, o design ainda não está consolidado; ele não é empregado de forma concisa em todas as empresas. Algumas aplicam, outras não. Um evento deste porte, com várias mostras e atividades, faz com que as pessoas vejam de perto, respirem design. Vamos mostrar cases de sucesso ao empresário e ao consumidor, para que eles vejam o tamanho do diferencial que o design agrega a um produto.

Como o senhor, como um especialista nesta área, avalia o posicionamento do design mineiro e do brasileiro hoje, no Brasil e no mundo?
É um tema muito recente. O design brasileiro começou a aparecer de forma mais concreta, como uma atividade passível de produção em série e exportação, de apenas 15 anos pra cá. Por isso, ainda existe uma lacuna muito grande entre as escolas, os designers e as empresas. Esta lacuna está começando a se reduzir agora e esperamos que a Bienal seja um estímulo para reduzir estas distâncias.

A programação da Bienal dedica algumas ações voltadas também aos próprios designers e estudantes de design. Qual a importância da profissionalização desta atividade?
Esta é uma grande novidade. Pela primeira vez, atividades acadêmicas aparecem como destaque na programação da Bienal. Juntamos a universidade com o parque produtor. Teremos encontros com presença de designers internacionais, incluindo um grande fórum no Auditório da Escola Guignard com palestrantes de oito países. Isso é importante, pois aproxima o designer das empresas, democratiza o assunto e contribui para a qualidade do trabalho. O design é transversal, passa por diversas áreas do conhecimento, e por isso exige muito estudo e preparo.




Mercado de trabalho: indústria precisará de 7,2 milhões de técnicos até 2015, indica estudo do Senai

O Brasil terá de formar 7,2 milhões de trabalhadores em nível técnico e em áreas de média qualificação para atuarem em profissões industriais até 2015. Essa necessidade produzirá oportunidades em 177 ocupações, que vão desde trabalhadores da indústria de alimentos (cozinheiros industriais) e padeiros até supervisores de produção de indústrias químicas e petroquímicas.

Mapa do Trabalho Industrial 2012 mostra que demanda por profissionais mais capacitados aumentou.
Do total da necessidade, 1,1 milhão será por trabalhadores para novas vagas (Fotos José Paulo Lacerda)

No Paraná, por exemplo, a demanda até 2015 é por 477,5 mil profissionais capacitados, o que corresponde a 6,7% de todo o país. As ocupações com maior demanda no estado para profissionais de nível técnico (cursos com até dois anos de duração), são para controle da produção; em eletrônica; em eletricidade e eletrotécnica; mecânicos na fabricação e montagem de máquinas, sistemas e instrumentos; em operação e monitoração de computadores.

Os dados fazem parte do Mapa do Trabalho Industrial 2012, elaborado pelo e apresentado nesta quinta-feira (20/9/2012), em São Paulo, durante o lançamento da 7ª Olimpíada do Conhecimento. A competição é disputada por cerca de 600 alunos dos centros de Educação profissional e tecnológica do Senai de todo o país como forma de avaliar a qualidade de cursos de qualificação em mais de 50 ocupações.

O Mapa do Trabalho Industrial foi elaborado para subsidiar o planejamento da oferta de formação profissional do Senai. A pesquisa inédita também pode apoiar os jovens na escolha da profissão e, com isso, aumentar suas chances de ingresso no mercado de trabalho.

No Brasil, do total da demanda, 1,1 milhão será por trabalhadores para ingressarem em novas oportunidades no mercado. O restante já está trabalhando e precisa manter-se qualificado para acompanhar os avanços tecnológicos da indústria.

“Apenas 6,6% dos brasileiros entre 15 e 19 anos estão em cursos de Educação profissional. Na Alemanha, esse índice é de 53%. Nossos jovens precisam ver a formação profissional como uma excelente oportunidade para o mercado de trabalho”, afirma o diretor-geral do Senai Nacional, Rafael Lucchesi.

Entre as ocupações que necessitam de cursos profissionalizantes com mais de 200 horas, a maior demanda está no setor de alimentos, que precisará de 174,6 mil trabalhadores (cozinheiros industriais) entre 2012 e 2015 em todo o Brasil. No mesmo período, o país precisará de 88,6 mil operadores de máquinas para costura de peças do vestuário e 81,7 mil preparadores e operadores de máquinas pesadas para a construção civil.

Já entre as ocupações técnicas de nível técnico, o técnico de controle da produção lidera o ranking com demanda de 88.766 profissionais. Atrás, vem a de técnicos em eletrônica com 39.919 e a de técnicos de eletricidade e eletrotécnica, com 27.972.

A análise da demanda mostra ainda que os profissionais das ocupações operacionais precisam ser polivalentes, com capacidade para desempenhar várias funções. Vem aumentando também a importância de características como visão sistêmica do fluxo produtivo e capacidade de gerenciamento.

Apesar de não figurarem no topo da lista da demanda, algumas profissões têm ganhado espaço no mercado de trabalho industrial. Entre elas estão agentes de meio ambiente, pela utilização de tecnologias mais limpas e preocupação com a conservação dos recursos naturais, e os trabalhadores do campo da logística, desde os operadores até os técnicos.

A maior necessidade por profissionais capacitados nesses dois grupos se concentra nas regiões Sul (1,50 milhão de profissionais ou 20,9% do total) e Sudeste (4,13 milhão, 57,6% do total) especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.

A pesquisa também identifica as principais demandas por profissionais qualificados em todos os estados. No grupo de ocupações que requerem mais de 200 horas de qualificação, a de cozinheiro industrial lidera em 25 unidades da federação. Já entre as profissões de nível técnico, a necessidade maior será por técnicos de controle da produção, técnicos em eletrônica e técnicos em eletricidade e eletrotécnica.

A demanda por profissionais de nível técnico para os próximos trêsanos é 24% maior que a registrada
para o período 2008-2011, quando a necessidade de profissionais ficou em 5,8 milhões

Para Lucchesi, conhecer essa necessidade por estado, por setor, por tipo de ocupação é crucial para o planejamento da formação profissional. “Um país que ainda investe pouco em educação, como o Brasil, deve lançar um olhar à frente para dimensionar e direcionar a aplicação dos recursos sejam públicos ou privados”, avalia.

A boa notícia é que o Brasil tem capacidade para preparar os trabalhadores e, assim, transformar essa demanda em oportunidade de emprego para pessoas devidamente qualificadas. O Senai oferece, a cada ano, 2,5 milhões de vagas. A maioria delas é para cursos de aprendizagem, aperfeiçoamento profissional, qualificação profissional e cursos técnicos de nível médio.

Do ponto de vista dos trabalhadores, a qualificação profissional possibilita melhores chances de colocação no mercado e salários. Pesquisa realizada pelo Senai em 2011 mostrou que 80% dos formados nos cursos técnicos da organização em 2010 estavam trabalhando em 2011 e recebiam, em média, 2,47 salários mínimos, o equivalente, na época, a R$ 1.346,15 ao mês.

Os técnicos também foram muito bem avaliados por seus supervisores nas empresas. Em uma escala de zero a dez, receberam 8,4 no quesito competências básicas e 8,3 em competências específicas e de gestão.

Metodologia do Mapa do Trabalho Industrial
O Senai, a partir de cenários que estimam o comportamento/crescimento da economia brasileira e dos seus setores, projeta o impacto sobre o mercado de trabalho e estima a demanda por formação profissional industrial (novos empregos e formação continuada).

O método utilizado é o Insumo-Produto de Liontief, que considera o fluxo de bens e serviços entre os vários setores da economia e seu efeito multiplicador sobre o volume de emprego. A metodologia foi desenvolvida com a colaboração das melhores universidades do país, como a Universidade São Paulo (USP), a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As projeções e estimativas são desagregadas no campo geográfico, setorial e ocupacional, e servem como parâmetro para o planejamento da oferta de cursos do Senai.

Olimpíada do Conhecimento
Os cursos de aprendizagem e técnicos do Senai são avaliados, a cada dois anos pares, na maior competição de Educação profissional e tecnológica das Américas. A sétima edição das disputas ocorrerá de 12 e 18 de novembro, em São Paulo, com a participação de 638 estudantes de até 21 anos.

Eles disputarão o título de melhores do país em 54 ocupações e a oportunidade de conquistar vagas para o torneio mundial do próximo ano, o WorldSkills, competição internacional que reunirá, em julho de 2013, em Leipzig, na Alemanha, jovens de mais de 50 países. O Brasil obteve na edição de 2011, em Londres, o segundo lugar entre 51 países, atrás apenas da Coréia do Sul.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Inovação e pesquisa: Paraíba tem 3 projetos aprovados no concurso Inova Senai


O Senai da Paraíba reafirma potencial na elaboração de soluções inovadoras para a indústria. A organização acaba de emplacar três projetos na Mostra Inova Senai, tornando-se, ao lado da Bahia, os dois estados do Nordeste com a maior aprovação de propostas no concurso anual.

O Inova Senai destaca projetos de inovação desenvolvidos por competências internas e/ou externas, de acordo com as demandas da indústria e do mercado. Todas as etapas do projeto – concepção, planejamento, execução e demonstração – são realizadas por alunos, técnicos e docentes do Senai.

A apresentação dos trabalhos envolve demonstração audiovisual, funcionamento de protótipos/maquetes e explicação teórica. Dos três projetos da Paraíba, dois são do Centro Stenio Lopes, de Campina Grande. O primeiro – Válvula de Controle Direcional Modular e Programável Acionada por Motor de Passo –, de autoria de Vinicius de Moraes (docente) e Pedro Ivo (aluno), consiste em um bloco de válvulas de controle direcional programável, que oferece solução simples para comandar o sistema pneumático, a partir de várias funções integradas em um único elemento.

Com o título Agente de Simulação Conversacional para NR-10, o segundo projeto do Senai Stenio Lopes apresenta um aplicativo multimídia, destinado às ações educacionais para a área de Segurança no Trabalho, mais especificamente sobre a Norma Regulamentadora 10. O projeto é assinado por Rony Marcolino, Widson Gomes (ambos professores) e Ezequiel de Sousa (aluno).

A terceira ideia inovadora da Paraíba foi concebida no Centro Odilon Ribeiro Coutinho, de João Pessoa, sob o título Estufa Portátil com Seletor e Dispensador Automático de Eletrodos. De autoria dos professores Antônio Felipe e Martim Luiz, em parceria com o aluno Adjair Alves, o projeto busca aumentar a produtividade na troca dos consumíveis de soldagem, utilizando um dispositivo automático que expele o eletrodo sem a necessidade de abrir a estufa.

A coordenadora de Inovação do Senai-PB, Cláudia Lopes, destaca que os projetos vão representar o talento, a criatividade, a capacidade produtiva e empreendedora dos docentes e discentes da organização, “que, trabalhando em equipe e sintonizados com as demandas da indústria nacional, desenvolvem novas tecnologias e novos produtos e processos”.

O Senai Nacional selecionou 50 projetos de todo o país, que serão apresentados em São Paulo, de 12 a 17 de novembro, durante a 7ª Olimpíada do Conhecimento. As propostas estão divididas nas categorias Produto Inovador, Processo Inovador e Serviço Inovador. Durante a Mostra, as ideias serão avaliadas por uma comissão julgadora, formada por empresários e representantes de entidades parceiras do Senai, além do público em geral.

Os vencedores das categorias Produto e Processo Inovador (1° a 3° lugar) vão ganhar com artigos de até R$ 3 mil. Na categoria Serviço Inovador, a proposta melhor pontuada receberá um orçamento de até R$ 300 mil para implementação do projeto.

Clique aqui para ver os 50 projetos que participarão do Inova Senai Nacional.


Neurociência e Educação: 'Ensinar é muito mais que passar conteúdo'

Para pesquisadora, mais que instruir sobre fatos, escola deve atender às necessidades sociais e emocionais

Se a escola focar apenas o conteúdo, o processo de aprendizagem não tem a menor chance de ser bem-sucedido. Isso é o que defende a neurocientista Adele Diamond*. "Se as necessidades emocionais, sociais e físicas forem ignoradas, não há excelência acadêmica." Canadense, ela falará no seminário Educação Infantil: Evidências Científicas sobre as Melhores Práticas, promovido pelo Instituto Alfa e Beto, nesta sexta-feira, em São Paulo.

Como surgiu seu interesse pelo estudo da neurociência na educação?
Meus primeiros três anos de pesquisa foram no campo da sociologia e da antropologia. Quando estava terminando, vi que não era aquilo que eu queria. Então, me lembrei de um seminário em que a palestrante havia dito que crianças do mundo todo mostravam as mesmas alterações cognitivas - como ser capaz de descobrir um objeto escondido ou a angústia de uma separação - com aproximadamente a mesma idade, mesmo que suas experiências tenham sido muito diferentes. "Não podemos ser apenas fruto da experiência e da aprendizagem. Deve haver um componente de maturação cerebral", ela disse. Foi dessa inquietação que cheguei à neurociência.

E como foi sua pesquisa?
Foquei meus estudos no córtex pré-frontal do cérebro - espaço do qual dependem as habilidades cognitivas - e também nessas habilidades, sobretudo em crianças pequenas.

Chamadas de funções executivas, as habilidades cognitivas respondem por uma série de fatores, como o controle da atenção (o que nos permite amplificar nossa percepção ou raciocínio em determinada direção); o autocontrole; a memória de trabalho (relacionada à manipulação de informações com propósito e não à sua armazenagem passiva); o raciocínio; a capacidade de resolução de problemas e a nossa flexibilidade cognitiva, intimamente ligada à criatividade.

Inúmeros estudos demonstram que isso tudo está relacionado ao desempenho acadêmico. Mas não o conseguiremos da forma como as crianças são educadas na escola. Se queremos melhores resultados acadêmicos, a rota mais eficiente e de melhor custo-benefício é, ao contrário do que diz a intuição, não se concentrar na formação conteudista, mas abordar também o desenvolvimento social, emocional e físico das crianças.

Como tratar o desenvolvimento cognitivo, físico e emocional?
Em primeiro lugar, não são necessários equipamentos caros ou de alta tecnologia. Nas salas infantis, os jogos e brincadeiras - longe de representarem perda de tempo - são elementos vitais para melhorar o desempenho acadêmico das crianças. No ensino médio, em vez de ensinar física em sala de aula, que tal levar a classe para restaurar um carro velho? Isso, ao mesmo tempo em que exige a aplicação dos princípios da disciplina, faz com que os alunos pratiquem uma atividade física. E mais: é uma experiência de trabalho colaborativo, em que todos participam da tomada de decisão com um propósito compartilhado. Uma experiência rica de formação de comunidade.

Esse modelo não corresponde ao que se pede nas avaliações atuais, focadas em conteúdo.
O que queremos para nossos filhos? Nosso desejo é que eles sejam preenchidos com um monte de fatos? Penso que a maioria quer filhos capazes de resolver problemas, de raciocinar, de ser um pensador criativo. Mas, se as avaliações medem o que é prioridade da escola, e o foco dos testes atuais são apenas conteúdos, logo se vê que a educação não tem valorizado o raciocínio de resolução de problemas e a lógica criativa.

Quais são os prejuízos quando a escola ignora essa contexto?
Em nenhum lugar a importância da saúde social, emocional e física é mais evidente do que no córtex pré-frontal. Quando há problemas físicos ou emocionais, as crianças ficam mais pobres de raciocínio, esquecem as coisas, diminuem a capacidade de exercer disciplina e autocontrole. Se a sociedade quer alunos bem preparados, precisa levar a sério que as diferentes partes do ser humano são inextricavelmente interligadas. Se as necessidades emocionais, sociais e físicas forem ignoradas, isso trabalhará contra a excelência acadêmica. Por isso, mesmo que o objetivo seja só melhorar os resultados acadêmicos, não dá para ser apenas conteudista. Isso afasta novas descobertas.

Como estimular os alunos a serem desafiadores?
Isso só é possível se a criança se sentir segura para errar. Sugiro um novo item para o relatório dos alunos, "aventurou-se em águas desconhecidas, tentou uma abordagem nova e diferente, foi criativo". Isso independentemente de sucesso ou fracasso em sua tentativa. Quando uma criança cai ao aprender a andar, não dizemos que ela recebe um "D" na caminhada, mas sim: "Não se preocupe, eu tenho certeza que você vai ser capaz de fazer isso". Precisamos tomar essa atitude para dominar habilidades na escola.

Qual conselho daria para os professores brasileiros?
Em primeiro lugar, as crianças precisam se sentir compreendidas. Por isso, a humanidade de um professor é mais importante do que seu conhecimento ou habilidade. Segundo: para superar o que já sabem, as crianças precisam sentir que se acredita nelas. Terceiro: criança não é estudante universitário para ficar sentada por longos períodos. Elas aprendem melhor em movimento. Quarto: não use punição ou reforço negativo. Isso não funciona e pode fazer com que o pequeno se retraia.

Em vez disso tudo, incentive que uma criança ajude a outra. Estudos mostram que, em algumas situações, essa troca produz mais resultados do que a aula do professor. A lista é grande, não é? Mas o último ponto vai ajudar: os professores devem relaxar - eles não vão ser perfeitos (ninguém é!) e cometerão erros. É normal. Só não podem se estressar, porque assim nunca serão os docentes que sonham ser.

*Professora na Universidade British Columbia, no Canadá, trabalha com Neurociência do Desenvolvimento Cognitivo, campo que estuda as mudanças que ocorrem na mente da criança à medida que cresce.



Petróleo e gás: Senai promove seminário sobre simulador e capacitação profissional na Oil & Gas


Participantes da principal feira de petróleo e gás da América Latina podem assistir nesta quinta (20/9/2012), às 15h, o seminário Simulador Dinâmico para Capacitação Profissional do Segmento Petróleo e Gás, com o engenheiro Athayde de Freitas. A promoção é do Senai do Rio de Janeiro, que ocorre no último dia da 16ª edição da Rio Oil & Gas 2012, no Riocentro. O Senai também apresenta dois equipamentos desenvolvidos com tecnologia de ponta para operações no segmento de petróleo e gás: Maquete Holográfica 3D e Planta de Processo de Realidade Aumentada.

O Senai-RJ, em parceria com a Petrobras, desenvolveu o mais moderno simulador de estabilidade e emergências em plataformas do mercado, que tem só dois modelos similares na Escócia. O equipamento usado na capacitação profissional e orçado em US$ 3 milhões, já preparou mais de 700 profissionais. Trata-se de um contêiner ligado a motores elétricos e computadores, que, por meio da tecnologia de realidade virtual, reproduz com exatidão uma cabine de controle de plataforma. “O simulador reproduz situações críticas para que o funcionário saiba como agir quando se deparar com elas”, explica Ricardo Curtys Dias, gerente Operacional do Centro de Tecnologia do Senai, em Benfica, no Rio.

(Foto Guarim de Lorena/Sistema Firjan)
O simulador de lastro foi desenvolvido no Brasil e reproduz o funcionamento de todos os modelos de plataformas em atividade no país.

Segundo o presidente do Sistema Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, "os Centros de Tecnologia Senai (CTS) vêm se tornando referência para a Petrobras, em particular, e para todo o setor, em geral, oferecendo soluções antes disponíveis apenas no exterior". Para aprimorar a evolução da área de petróleo e gás, Gouvêa Vieira revelou novos investimentos no CTS Automação e Simulação: "serão desenvolvidos mais nove ambientes de simulação, em Benfica (na capital fluminense)".

Desenvolvida pelo CTS Automação e Simulação, a Maquete Holográfica 3D reproduz o funcionamento de uma plataforma, em formato miniatura. Por meio da realidade virtual, é possível ver as soluções desenvolvidas para procedimentos nas plataformas, a exemplo do Simulador de Lastro.

O equipamento utiliza diversos cenários para apresentar situações reais, rotineiras e de emergências nas plataformas de petróleo e gás, promovendo treinamento offshore, com padrão internacional, de gerentes e operadores em ambientes únicos na América Latina.

Por meio de aplicações de realidade virtual e aumentada, com uso em ambientes interativos e imersivos, empresas de diversos portes conseguem se tornar mais competitivas ao usar o simulador não só para capacitação profissional, mas também para testes, pesquisas e desenvolvimento de novos produtos.

O simulador está em operação no CTS Automação e Simulação, em Benfica, onde são ministrados cursos de capacitação profissional. O equipamento simula, por exemplo, o pouso de um helicóptero, em que o operador deve calcular os esforços, pesos e tensões que são necessários a serem equilibrados com os demais empregados na plataforma para a aterrissagem. Simula também um rebocador ao se aproximar de uma plataforma, o que pode gerar um choque (abalroamento) com a estrutura da embarcação e causar alguma avaria. Neste momento, o operador deve corrigir e compensar a estabilidade, mantendo a integridade e a segurança da plataforma até os devidos reparos.

Outra atração do estande do Senai na Oil & Gas é a Planta de Processos de Realidade Aumentada, que simula procedimentos de inspeção de equipamentos e manutenção industrial, em escala reduzida. A visualização da simulação é vista por um tablet, que, ao ser apontado para o equipamento, reconhece sua atividade.

O tablet pode interpretar, por exemplo, informações de banco de dados do equipamento, última manutenção efetuada, manual de alguma peça, além de permitir infinitas interações, como dar baixa em estoque.

Governo investe em projetos de P&D
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, anunciou na Oil & Gas 2012 o Inovapetro, edital com R$ 3 bilhões voltado à cadeia de fornecedores de óleo e gás no país. Podem participar apenas projetos desenvolvidos no Brasil. “Não serão criadas adaptações de projetos do exterior com esses recursos. Vamos apoiar projetos para tecnologias na superfície, instalação submarina e perfurações de poços”, disse Raupp.

A Petrobras também investe no Centro de Tecnologia Senai (CTS) Solda, no bairro da Tijuca, capital fluminense, para colocar o laboratório referência no país em tecnologia de soldagem. O projeto buscará atender às necessidades de pesquisa, desenvolvimento, qualificação de processos e ensaios.

Outro investimento da estatal brasileira será no CTS Ambiental, também localizado na Tijuca, fechou parceria com o Cenpes para implantar o Laboratório de Fluidos. Essa unidade será voltada para pesquisa e desenvolvimento, além de ensaios físico-químicos e de desempenho, em matérias primas usadas em fluidos.

Frase de Hoje


“Seja criativo. Pense de maneira não-convencional.
E tenha a coragem de permanecer assim.”
Lee Iacocca

terça-feira, 18 de setembro de 2012


Inovação e tecnologia: gerenciamento de obras e descarte de resíduos são gargalos da construção civil

A necessidade de adotar soluções inovadoras no gerenciamento dos canteiros de obras e de chamar a atenção dos profissionais do ramo da construção civil e dos empreendedores do setor para o descarte correto dos resíduos sólidos da obra foram temas tratados na recente feira Construir Bahia 2012, na última quinta (13/9/2012), no Centro de Convenções de Salvador. Os dois temas foram tratados durante o 10º Seminário Tecnológico e 9º Seminário de Inovação na Construção Civil, realizado pelo Senai, em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) e o Sebrae.

A importância dos debates no evento, que completa dez anos, foram ressaltados pelo presidente do Sinduscon, Carlos Alberto Vieira Lima. “Não podemos ficar no estágio em que estamos, com canteiros e processos de construção que permanecem os mesmos de 40 anos atrás e pagando um preço elevado por isso”, destacou. Vieira Lima também ressaltou que é preciso humanizar os canteiros, bem como inserir o planejamento como elemento essencial da obra.

Clarice: experiências sustentáveis
(Foto João Alvarez/Sistema Fieb)


Durante o seminário, foram realizadas cinco palestras, entre elas as da engenheira Clarice Degani,  pesquisadora da Escola Politécnica da USP, e do professor José de Paula Barros Neto, doutor em Administração pela UFGRS e professor titular do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará. Clarice falou sobre canteiros de baixo impacto ambiental e Barros Neto tratou da adoção da filosofia de gestão Lear (tecnologia de produção enxuta).

Um canteiro com baixo impacto ambiental, segundo Clarice, é aquele que traz menos incômodo para a cidade, a vizinhança, em termos de poluição, ruído, consumo de insumos, gestão de resíduo, a formalização do trabalho.

Ela explica que, no Brasil, em razão da fiscalização mais efetiva pelo Ministério do Trabalho da Norma Regulamentadora 18, que trata das condições e meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção, há um maior cuidado por parte das empresas em relação à segurança e saúde do trabalhador. As ações de minimização de perdas também encontram bastante aderência por parte do meio empresarial, por reduzir custos.

A norma do Conama vai focar na questão dos resíduos, impondo um rigor maior na separação e encaminhamento dos resíduos para a reciclagem. Mas a ausência de fiscalização, fez com que a resolução do Conama não tivesse a mesma receptividade nos canteiros, apesar da sua importância. “A expectativa é que esta realidade mude a partir de agora com a exigência do Conama de que os municípios tenham um Plano de Gestão de Resíduos da Construção Civil”. A norma foi instituída há 10 anos, mas não foi adotada na prática porque os municípios não criaram áreas específicas para destinação destes resíduos.

Barros Neto, que também atua como consultor do Senai da Bahia, falou sobre a adoção da produção enxuta na construção civil (filosofia Lear) que está sendo adotada por várias construtoras do Ceará, apresentando bons resultados na redução de custos .da ordem de 15 a 20%. De acordo Barros Neto, o objetivo é a redução do desperdício nos diversos estágios da obra, promovendo economia de tempo e de dinheiro.

A ênfase da filosofia Lear é no planejamento da obra, a partir do mapeamento de fluxos que tornam a obra mais visual e permite a detecção dos problemas para atacá-los com soluções. De acordo com o professor, a Bahia ainda não adota a Lear na construção civil, mas na próxima semana, o Senai-BA vai levar um grupo de empresários a Fortaleza para conhecer de perto esta filosofia de gestão.


Eficiência energética: Senai apresenta projeto na Morar Mais por Menos

O Senai de Mato Grosso do Sul vai apresentar projeto de eficiência energética durante a Morar Mais por Menos, que ocorrerá de 2 de outubro a 11 de novembro, em Campo Grande. A mostra será composta por 53 ambientes cujas estruturas apresentam economia e eficiência. De acordo com a assessora de cooperação e projetos especiais do Senai-MS, Ilana Coutinho Alencar, a participação da organização no evento envolve alunos do curso de qualificação de eletricista predial realizado em parceria com a Scheneider.

“Nossos alunos vão instalar o projeto no restaurante que está sendo montado dentro do evento e é um dos 53 ambientes que serão apresentados durante o Mora Mais por Menos. As arquitetas Luciana Teixeira e Ana Paula Zahran são as responsáveis por esse ambiente e nós somos parceiros para que elas desenvolvam o projeto dentro do conceito de menor consumo de energia”, detalhou Ilana.

Segundo o supervisor da elétrica predial e industrial da FatecSenai Campo Grande, Antônio Tavares de França Júnior, os alunos terão duas semanas de trabalho, oportunidade vai funcionar como laboratório. “O projeto visa à eficiência energética, automação residencial e arquitetura. Nós vamos cuidar da parte elétrica e contribuir com a parte da iluminação, verificar o melhor tipo de tomada, melhor altura, melhor disposição de equipamento para melhor eficiência”, explicou.

O instrutor do curso de eletricista predial da FatecSenai Campo Grande, Edson Lima, e sua turma de 23 alunos fizeram a sondagem dos pontos existentes e já iniciaram a montagem do projeto.

Aluno do curso de eletricista predial, Júlio Cesar Martinez dos Santos, 56 anos, destaca que já fez o curso há quase 10 anos e agora retornou para atualização. “Ao longo desse tempo muita coisa mudou e nós precisamos nos atualizar sempre”.

Independência é a palavra de ordem para o aluno Carlos Ramão Gonçalves, 43 anos. “Tinha conhecimento razoável e vim fazer o curso para conseguir mais independência na hora de resolver situação que envolve a eletricidade.”



Educação e tecnologia: pesquisa inédita aponta necessidade de qualificação profissional para os próximos 3 anos


O Sistema Indústria vai divulgar nesta quinta (20/9/2012), na sede do Sistema Fiesp, os principais resultados alcançados pelo Mapa do Trabalho Industrial, pesquisa inédita com a projeção da necessidade de capacitação de profissionais de nível técnico e de média qualificação para os próximos três anos em todo o Brasil. No Foyer do teatro do Sesi-SP, anexo ao Espaço Fiesp, haverá exposição de equipamentos com tecnologias de última geração utilizadas na indústria.

Junto, também será lançada a 7ª Olimpíada do Conhecimento, principal competição de Educação profissional e tecnológica das Américas que o Senai e indústrias promovem a cada dois anos pares. O evento será promovido de 12 a 18 de novembro, em São Paulo, com a participação de mais de 600 estudantes do ensino profissional de todo o país. Os melhores colocados nas 52 profissões que estarão em disputa vão concorrer a vagas na equipe brasileira que participará do WorldSkills 2013, maior competição internacional que terá a participação de mais de 50 países em Liepzig, na Alemanha.

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